( Quarta Parte ) Marca do pensamento católico Caracterizando o romance brasileiro posterior a 1930, Alfredo Bosi considera que, ao lado das tendências experimentais (seguidoras do novo romance francês), há três outras correntes: a intimista, a nacional-popular, do romance político e social, e a tendência do romance religioso (as três, ainda, desenvolvendo vertentes abertas em 1930). E vê pontos de contato entre as duas últimas, porque “ ao lado das relações políticas, stricto sensu, há um retorno das consciências religiosas às suas fontes pré e antiburguesas ” que se, manifesta na obra de escritores como Otávio de Faria e Lúcio Cardoso, por exemplo, no Brasil. No estrangeiro, são representantes dessa tendência, entre outros, Saint-Exupéry, George Bernanos, Julien Green e Graham Greene, este último frequentemente citado por Antônio Callado. Para esses escritores, diz ainda Alfredo Bosi “ o problema do engajamento, qualquer que fosse o valor tomado como absoluto pelo intelectua...
(Terceira Parte) Que País é esse? Da ficção de Antônio Callado, em seu conjunto, transparece um projeto que se poderia chamar de Alencariano, na medida em que seus romances tentam sondar os avessos da História brasileira, aproveitando para tanto, junto com os modelos narrativos europeus (influência sobretudo do romance francês e do inglês) e brasileiros (o próprio José de Alencar e Machado de Assis, entre outros), a passagem do país tropical. Mesmo nos últimos livros, onde se pode ler um grande ceticismo em relação aos destinos do Brasil, permanece o deslumbramento pela exuberância da nossa natureza. Vista em bloco, a obra ficcional de Antônio Callado é uma espécie de reiterada “canção de exílio”, ainda que às vezes pelo avesso, como em Sempreviva (sexto romance publicado em 1981) onde o herói, Vasco ou Quinho – o “involuntário da pátria” – é um exilado em terra própria. Da religião à política O livro mai...